quarta-feira, 15 de abril de 2009

teste

Gengis Khan foi um grande rei e guerreiro.

Conduziu seu exército à China e à Pérsia, e conquistou muitas terras.

Em todos os países, falava-se de seus feitos ousados e dizia-se que desde Alexandre, o Grande, não houvera rei igual.

Uma certa manhã, longe das guerras, saiu cedo de casa a fim de passar o dia caçando na floresta.

Muitos amigos foram com ele. Todos, carregando seus arcos e flechas, seguiram felizes em suas montarias. Acompanhavam-nos os serviçais, conduzindo os cães pela retaguarda.

A partida mostrava-se muito bem disposta. Seus gritos e risadas retumbavam na floresta.

Esperavam abater muitos animais que trariam para casa ao final do dia.

O rei levava ao punho seu falcão predileto, pois naquela época essa ave era treinada para a caça.

A uma ordem do dono, o pássaro alçava vôo, e do alto vasculhava a floresta. Ao avisar um cervo ou uma lebre, mergulhava velozmente sobre a presa, qual uma flecha.

O dia inteiro passaram Gengis Khan e seus caçadores a cavalgar pela floresta.

Não encontraram, porém, tanta caça quanto esperavam.

À tardinha, decidiram retornar. O rei estava habituado a cavalgar pela floresta, e conhecia todas as trilhas.

Tendo o grupo escolhido o caminho mais curto para casa, ele tomou uma estrada mais longa que passava por um vale entre duas montanhas.

O dia fora quente, e o rei tinha sede. Seu falcão amestrado alçara vôo, deixando-o só. O pássaro saberia encontrar o caminho de casa.

O rei prosseguia lentamente. Conhecia uma fonte de águas límpidas em alguma paragem perto da trilha.

Se ao menos pudesse encontrá-la naquele momento! Mas os dias quentes do verão haviam secado todos os córregos da montanha.
Mas eis que, para sua alegria, avistou um pouco de água escorrendo pela beira de uma pedra. Haveria de encontrar a fonte logo acima.

Na estação chuvosa, as águas corriam ligeiras naquele ponto; mas agora gotejavam lentamente.

O rei apeou da montaria. Tirou do embornal um cálice de prata. Começou a aparar as gotas que caíam lentamente da pedra.

A água demorava para encher o cálice; e o rei tinha tanta sede que mal podia esperar.

Finalmente, estava quase cheio. Levou-o aos lábios e estava prestes a sorver o primeiro gole.

De repente, um zunido cruzou os ares e o cálice foi derrubado de suas mãos.

A água derramou-se toda.

O rei procurou ver quem fizera aquilo. Fora seu falcão amestrado.

O pássaro voou de um lado para outro algumas vezes e acabou pousando nas pedras, perto da fonte.

O rei pegou o cálice e tornou a recolher as gotas de água.

Desta vez não esperou tanto tempo. Quando estava pela metade, levou-o à boca.

Mas antes que o cálice lhe tocasse os lábios, o falcão deu outro mergulho, derrubando o objeto.

Desta vez o rei começou a ficar zangado. Empreendeu mais uma tentativa, e pela terceira vez o falcão o impediu de beber.

O rei ficou bastante irritado e gritou: -Como te atreves a fazer isso? Se eu pusesse minhas mãos em ti, torcer-te-ia o pescoço!

Mais uma vez, o rei encheu o cálice. Porém, antes de levá-lo à boca, sacou da espada.

Agora, Senhor Falcão, é a última vez - disse ele.

Mal proferia as palavras, o falcão mergulhou e derrubou-lhe das mãos o cálice.

Mas o rei já esperava por isso. De um golpe, acertou o pássaro em pleno vôo.

E logo o pobre falcão jazia aos pés do dono, sangrando até morrer.

É o que mereces por teus caprichos - disse Gengis Khan.

Entretanto, ao procurar o cálice, encontrou-o caído entre duas pedras, onde não conseguia alcançar.

Mesmo assim, vou beber desta fonte - disse consigo mesmo.

E pôs-se a galgar a parede íngreme da rocha para chegar até o lugar de onde a água escorria.

A tarefa era árdua; e quanto mais subia, mais sede sentia.

Por fim, atingiu o local. E havia, de fato, uma nascente; mas o que era aquilo dentro da poça, ocupando-lhe quase todo o espaço? Uma enorme serpente morta, e das mais venenosas.

O rei parou. Esqueceu-se da sede. Pensou apenas no pobre pássaro morto ali no chão.

O falcão salvou-me a vida! - gritou. - E o que fiz em troca? Era meu melhor amigo, e eu o matei.

Desceu a escarpa. Tomou cuidadosamente o pássaro nas mãos e o colocou no embornal.

Subiu na montaria e partiu ligeiro, dizendo consigo:

Aprendi hoje uma triste lição, que é nunca fazer coisa alguma com raiva.



- Autoria Desconhecida -

teste

Há vários anos atrás, em Seattle, Washington, vivia um refugiado tibetano de 52 anos de idade. "Tenzin", é como vou chamá-lo, foi diagnosticado como portador de uma forma de linfoma das mais fáceis de curar. Ele foi internado em um hospital e recebeu a primeira dose de quimioterapia. Mas durante o tratamento, este homem normalmente gentil tornou-se agressivo e irritado; arrancou a agulha intravenosa de seu braço e negou-se a cooperar. Ele então gritou com as enfermeiras e discutiu com todos ao seu redor. Os médicos e enfermeiros ficaram desconcertados.

Depois, a esposa de Tenzin falou com o pessoal do hospital. Ela contou que Tenzin foi um prisioneiro político dos chineses por 17 anos. Eles mataram sua primeira esposa e ele foi repetidamente torturado e brutalizado durante todo o tempo em que esteve preso. As normas e regulamentos do hospital, juntamente com a quimioterapia, fez Tenzin recordar todo o sofrimento que passou nas mãos dos chineses.

"Eu sei que vocês querem ajudá-lo," ela disse, "mas ele se sente torturado pelo tratamento. Eles fazem com que ele sinta ódio internamente - da mesma maneira que os chineses fizeram ele se sentir.
Ele prefere morrer do que viver com o ódio que ele está sentindo agora.
E, segundo nossas crenças, é muito ruim ter tamanho ódio no coração na hora da morte. Ele precisa estar apto para rezar e limpar seu coração."

Assim, o médico dispensou Tenzin e recomendou uma equipe da clínica de repouso para visitá-lo em casa. Eu era a enfermeira encarregada de cuidar dele. Eu entrei em contato com um representante da "Anistia Internacional" para pedir-lhe conselhos. Ele me disse que a única forma de sanar o trauma da tortura era "falar a respeito". "Essa pessoa perdeu sua confiança na humanidade e sente que a esperança é impossível." Mas quando eu encoragei Tenzin a falar sobre suas experiências, ele ergueu suas mãos e me fez parar. Ele disse, "Eu preciso aprender a amar de novo se eu quiser curar minha alma. Sua tarefa não é fazer perguntas. Sua tarefa é me ensinar a amar novamente."

Respirei profundamente e perguntei, "E como eu posso fazê-lo amar de novo?" Tenzin respondeu prontamente, "Sente-se, tome meu chá e coma meus biscoitos." O chá tibetano é um chá preto forte, coberto com manteiga de iaque e sal. Não é fácil de bebê-lo! Mas, foi o que eu fiz. Por várias semanas, Tenzin, sua mulher e eu nos sentamos juntos e tomamos chá. Nós também conversamos com os médicos para achar formas de tratar suas dores físicas. Mas era sua dor espiritual que deveria ser diminuída. Cada vez que eu chegava, via Tenzin sentado de pernas cruzadas em sua cama, recitando preces de seus livros. Com o passar do tempo, sua mulher foi pendurando mais e mais 'thankas', bandeirolas budistas coloridas, nas paredes. Em pouco tempo, o quarto parecia um colorido templo religioso.

Na chegada da primavera, eu perguntei o que os tibetanos faziam quando estavam doentes na primavera. Ele abriu um grande sorriso e disse, "Nós nos sentamos e aspiramos o vento que sopra pelas flores." Eu pensei que ele estava falando poeticamente, mas suas suas palavras eram literais.
Ele explicou que os tibetanos fazem isso para serem pulverizados com o
pólen das novas floradas, carregadas pela brisa. Eles acreditam que esse
pólen é um potente medicamento.

No primeiro momento, achar muitas floradas parecia um pouco difícil.
Mas, um amigo sugeriu que Tenzin visitasse algumas floriculturas locais.
Eu liguei para o gerente de uma floricultura e expliquei-lhe a situação.
Sua reação inicial foi "Você quer o quê???" Mas quando eu expliquei melhor o meu pedido, ele concordou.

Então, no final-de-semana seguinte, eu busquei Tenzin, sua esposa e suas provisões para a tarde: chá preto, manteiga, sal, xícaras, biscoitos, almofadas e livros de preces. Eu os deixei na floricultura e combinei de pegá-los às 17 horas. No outro final-de-semana, visitamos uma outra floricultura. E mais outra no terceiro fim-de-semana.

Na quarta semana, eu comecei a receber convites das floriculturas para Tenzin e sua mulher para voltarem novamente. Um dos gerentes disse, "Nós temos uma nova remessa de nicotianas e lindas fuchsias.ah, sim! E temos belas dafnias. Eu sei que eles vão adorar o perfume das dafnias! E eu quase me esqueci! Temos uns novos bancos de jardim que Tenzin e sua esposa vão adorar!"

No mesmo dia, outra floricultura ligou dizendo que eles tinham recebido birutas coloridas para Tenzin saber de que direção o vento estava soprando. Logo, as floriculturas estavam competindo pelas visitas de Tenzin. As pessoas começaram a se importar com o casal tibetano.

Os empregados arrumavam os móveis de frente para o vento. Outros traziam água quente para o chá. Alguns fregueses regulares deixavam seus carrinhos de compras próximos do casal. E no final do verão, Tenzin voltou ao seu médico para novos exames e determinar o desenvolvimento da doença. Mas o doutor não achou nenhuma evidência de câncer. Ele estava abobalhado; disse à Tenzin que ele simplesmente não sabia explicar aquilo.

Tenzin levantou seu dedo e disse, "Eu sei porque o câncer se foi. Ele não podia mais viver num corpo tão cheio de amor. Quando eu comecei a sentir a compaixão das pessoas da clínica, dos empregados das floriculturas, e todas essas pessoas que queriam saber de mim, eu comecei a mudar por dentro. Agora, eu me sinto afortunado por ter a oportunidade de ser curado dessa forma. Doutor, por favor, não acredite que a sua medicina é a única cura. Às vezes, a compaixão pode também curar um câncer."